sábado, 25 de outubro de 2008

Saliva, suor e sangue

Sim, aqueles olhos ainda me espreitam da escuridão.
Aquele aroma adocicado que preenchia todo o quarto.
As mãos grandes que prendiam meus braços.
A língua grossa que percorria minha carne.
A batida forte do coração em seu peito.
A ânsia, a angústia, a dor, o desespero, o prazer.
Aquela boca que vasculhava incessante o meu corpo.
O peso do peitoral definido pressionado sobre meus seios.
A força do corpo contra o meu.
O calor, o suor, o gemido, a saliva, a lágrima.
A voz rouca em meu ouvido.
Por fim, o mesmo sempre beijo selvagem e forte.
Os dentes arranhando o queixo e as unhas minhas costas.
A fincada cálida em seu ombro esquerdo.
O líquido vermelho grosso agridoce me invadindo.
O branco derramado.
O êxtase da caçada terminada em meus poros.
O exuberante corpo estendido exausto diante de mim.
Logo depois o sol nasceria e eu estaria longe dali.
Sim, aquele corpo me pertencia até que o tempo o tomou pra si.

L. Angelis